Criar uma Loja Virtual Grátis


Total de visitas: 2859
natal
natal

O tudo, é coisa nenhuma sem ti. O teu pai e eu, estamos há um ano e três dias sem luz. Vivemos dentro de um anfiteatro romano, a céu aberto e sem estrelas, regado a chuva e temperado a frio. Entre gumes espadas e insensíveis felinos, somos como gladiadores sem qualquer experiência. E no cenário maculado de sangue, turvo pelas lágrimas e o arfar da saudade, come-se pó arenoso e bebe-se da fonte de água ácida, como inundações sem coerência. Carcomidos pela solidão, eis a severa aprendizagem.

Belos eram os natais com a árvore de natal a luzir, as prendas a rechear e os chocolates a brilhar. Melosos eram os natais com o aparador repleto de doces, o teu bolo-rei de chocolate em destaque, o cheirinho a canela e vinho generoso a saltar das rabanadas. Quentes eram as ceias quando à meia noite, para quebrar o frio, bailava o perfume das migas de vinho quente com pão doce caseiro. Alegres eram as noites com o teu sorriso e as tuas piadas que rasgam barrigas. Agradáveis eram os momentos em que os teus dedos soltavam melodias acompanhadas da  tua voz admirável. Ternurenta era a doçura do teu abraçar. Singular era a candura que há em ti. Mágica era a quadra natalícia.

Sobreviventes do naufrágio real da saudade, e enquanto estivermos juntos na tua felicidade, nada mais importa. O natal és tu.