Edfor Grand Sport, de matrícula NT-10-68, foi construído pelo pai do nosso conterrâneo Engenheiro Eduardo Ferreirinha, piloto de automóveis de competição e industrial metalúrgico, dono da ex-EFI ( empresa Eduardo Ferreirinha e & irmão), sedeada em Matosinhos.
A pequena lenda nacional, foi um visionário, dono de uma mente demasiado avançada para os anos 30.
Com muita coragem e uma avassaladora paixão por carros, foi pioneiro daquela que poderia ter sido uma grande indústria automóvel. Foram categóricos os entraves da opressão do Estado Novo.
O pai do Engº Ferreirinha construiu o primeiro carro e depois mais quatro exemplares inspirados nos Ford V8, todos monolugares e de elevada elegância. Dos quatro, o mais sumptuoso era o Edfor, propriedade da família Ferreirinha. De cilindrada 3620 cc ( 77,8x95,2 mm) e com 8 cilindros em V, foi construído com um esqueleto de liga de alumínio fundido (construção inédita) e com carroçaria toda em alumínio tipo torpedo. A suspensão da frente tinha molas espirais em grupo e a suspensão traseira, mola transversal. O carro pesava cerca de 970 kg e atingia uma velocidade de 160 km/hora.
Em abril de 1937, o Edfor foi oficialmente apresentado no Salão Automóvel do Porto e apaixonou os visitantes pela sua beleza e sumptuosidade.
Por algum tempo, pensou-se que era o único no país, mas o filho do fundador descobriu, por acaso, que havia um outro. Em pleno serviço militar, o Engº Ferreirinha, no quartel de Santa Margarida, numa das paradas, viu-o passar e ao volante estava o comandante. Após uma breve abordagem, o comandante deu-lhe a conhecer que o carro era propriedade de Rui Duarte Ferreira, que apenas o vendeu ao Engº Ferreirinha porque era filho do construtor do mesmo. Os restantes, havia rumores de que um deles encontrava-se na Alemanha.
O Edfor, foi conduzido pelo cineasta alcunhado de "menino rico do Porto". Durante este período, um jovem cineasta decide realizar uma pequena curta-metragem chamada “Já se Fabricam Automóveis em Portugal”, sobre a história da criação do Edfor. Manoel de Oliveira, galadoardo, amigo do senhor Ferreirinha e também piloto de corrida, conheceu o senhor Ferreirinha quando lhe comprou um dos seus carros de competição, o Ford Especial Méneres & Ferreirinha.
Engenheiro Eduardo Ferreirinha, viúvo da Drª Alda Ferreirinha, com 80 anos, ainda reside em Vilar com a sua filha Drª Manuela Ferreirinha.
Agora que a idade requer mais descanso, o filho da pequena lenda nacional, dedica o seu tempo à leitura.
Esta crónica é uma singela mas agradecida homenagem ao Homem que foi uma mente brilhante e envaidece os vilarenses, os vilacondenses, os portuenses, o norte, o país.
Atualmente o carro pertence à família de Mariana Martins.