Mês de janeiro em Salford (Manchest

Entusiasmada, levanto-me e corro para a janela da cozinha, uma janela grande. Encolho a cortina e deparo com um cenário de postal de Natal. Os meus olhos rejubilam. Amor à primeira vista. E amam em deleite silêncio peculiares pormenores. As bicicletas jazem  no parque de estacionamento, esquecidas no tempo da beleza fria e morta. Os fios de eletricidade, repletos de gotículas de chuva miudinha, refletem a luz pública a trespassar com candura, linda série de luzes brancas de pinheiro de Natal. O imponente portão de ferro que dá acesso ao parque de estacionamento, de semblante sombrio, preto como azeviche, transforma-se num imponente portão real. Um portão com uma coroa branca, como de um rei nórdico se tratasse. Ver nevar é lindo. Ver a natureza oferecer uma grande obra de arte sem pedir nada em troca é deveras gratificante. Nevar é um estado do tempo que se interioriza nos nossos olhos e desce ao coração. Mesmo gélida, com os sentimentos e a imaginação quentes. Admiro o cenário de postal de Natal e partilho contigo algumas fotos, meu amor. E mesmo perante um cenário tão carinhoso, que tristeza me deu. Como queria admirar este cenário de postal de Natal na tua companhia, com o calor dos teus braços à volta da minha cintura, com o teu rosto colado ao meu.